terça-feira, 17 de novembro de 2009

Toda vez que o silêncio me toma

Toda vez que o silêncio me toma de pronto, como quem toma o corpo de outro, e fico sozinha com minha dor, penso na vida ela mesma a face dura que se me apresenta.

Então, tudo se torna a vida toda por viver e a vida toda que vivi, um aglomerado de cenas, sons e cheiros instantâneos e imediatos aqui e agora, como um ultimato solene, como um chamado para o eterno, a voz rouca da própria morte.

Assim, entre macabro e tenebroso, adentro minha solidão intocável. E olho para as paredes repletas de quadros pintados a mão com meu sangue. Olho para as paredes repletas dos sinais mais emblemáticos do que sou profundamente e não me vejo. Não vejo nada além da sombra e o brilho seco ofuscante que vem de me olhar assim tão fortemente.

Será possível tocar-se assim intensamente o dedo de deus ao encontro da minha mão estendida e pedinte? Ou será que é sempre e somente na superfície o mais sensível da pele que pode ser tocado.

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