Nós não
somos dissidentes, não somos fugitivos, não somos banidos. Viemos porque
quisemos. Saímos porque escolhemos. Não somos uma seita. Cada qual com suas
crenças, mas não queremos salvar ninguém. E, ainda que sejamos muitos, não
somos uma multidão. A atitude nos guia e nos direciona o coração. Não temos a
verdade, não sabemos o que é certo, não somos ovelhas nem tão pouco pastores. O
que nos une: retomar para nossas mãos o nosso tempo.
Queremos
definir o que é realmente imprescindível e o que é prioritário para nossas
vidas, não como bem comum, mas como algo comum, ordinário, natural e cotidiano.
Buscamos um novo significado para a vida, sobretudo, o significado agora. Acreditamos
que o significado esteja além do plano, além do significante, mas que necessariamente
dependa da consciência de cada um na sua trajetória. Assim, não perdemos tempo:
somos o tempo.
Passo a
passo, paulatinamente, vamos construindo uma vida que seja ela mesma o tempo e
a atitude, o movimento e o espaço percorrido. Deixamos a aceleração de lado
porque deixamos de correr. Onde estamos é onde está a vida, não estamos tentando
chegar a lugar algum: já chegamos.
E, ainda
que nada tenha mudado realmente em nossas rotinas, uns acordando cedo, outros
amanhecendo com sol a pino, uns comendo tudo, outros nem tanto, de carro, a pé
ou a cavalo, sozinhos ou acompanhados, trocamos o urbano pelo rural. Trocamos a
eficiência pela solidariedade. Trocamos a paisagem, mas antes foi nosso olhar
que mudou. Mudamos o ritmo externo para combinar com o batimento do coração. Refizemos
nossas rotas individuais como quem passa o pente no cabelo desalinhado, como
quem penteia o pensamento desgrenhado, como quem descobre que estava dormindo
debaixo da cama.
Não queremos
inventar nada, criar uma nova filosofia, um novo modo de ser, uma moda. Apenas nos
comprometemos com a felicidade, a alegria do momento vivido. Viramos a chave:
nosso norte é a prosperidade e ela não vem sozinha. Pode haver riqueza onde há
miséria, e pode haver muita distância entre uma e outra, mas a prosperidade é
contagiante. Ela unifica sem se perder, ela espalha, transborda, pacifica. A
prosperidade é um horizonte permeável.
Assim,
quando demos um passo na nossa direção, cada um a sua, nos tornamos o tempo, a
prosperidade e a vida que queremos levar. Fale com um ou outro de nós e
receberá uma resposta diferente, com propósitos próprios, motivos diversos. Mas
nossos princípios são os mesmos. Sabemos que o entorno é delicado e somos
ex-combatentes. Sabemos que pisamos em ovos, nós que já fomos tratores. Hoje queremos
apenas trazer uma flor no peito sem, no entanto, fazê-la murchar com nosso
calor. Aqui, fazendo de nossos talentos um modo de nos fortalecer, vamos
construindo um novo agora.
Nós bebemos
e dançamos como fazem todas as pessoas, e expressamos nosso intento como quem
come um sonho macio e recheado: com cuidado, sem perder nada do creme que
escorre. Declaramos nossas intenções olhando para o gesto, um pouco falando
para o vento, um pouco derramando no chão. Existe uma generosidade espontânea
em aceitar que nem tudo sai como queremos. Porque sim, se o universo conspira a favor,
uma coisa é certa: ele não lê pensamentos.