Eu não acredito em deus. Em um deus onipresente, onipotente, vingativo, humano. Tornado homem de tanto julgar. Tornado carne de tanto ser pensado por homens. Que consciência tenho do meu coração que bate, bate automaticamente em resposta às emoções mais estranhas e mais comuns que posso ter? Que consciência posso ter das minhas células transformadas em meu corpo, trocadas e descartadas com o passar do tempo, até que me canse e pare simplesmente.
Não, deus não pode ter respostas humanas, escolhas humanas, não pode estar em toda parte em todo o tempo. Não pode me ver e saber de mim e de você ao mesmo tempo. E se assim fosse, o que saberia? Para que saberia? Se não interferiria nos meus caminhos, nas minhas escolhas. Se não mexeria em nada meus caminhos tortos e curvos.
Eu sou uma estrada cheia de bifurcações e saídas, muitas e muitas entradas e várias porteiras. Como me seguir? Como me acompanhar? Sigo sozinha a maior parte do tempo porque meu tempo é diferente. Eu o conto por pulso e não por segundos. A cada pulsar sou e não sou. Uma estrada por abrir no meio da mata, uma picada aberta distantemente, quase uma lembrança, quase um rascunho. Mas um caminho que segue adiante. Decidido e tímido, longo e curto.
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