domingo, 15 de abril de 2012

A música é da alma


Você já deve ter comido alguma coisa que gostasse tanto que quisesse mostrar para todo mundo. Ou viu um filme, bebeu um vinho, por certo, uma experiência tão boa que precisava ser compartilhada. Eu ouvi uma música. Tão linda, mas tão linda que quase doía de ouví-la, era como se meu coração tivesse ganhado uma tradução, a melhor tradução possível. Minha alma, se fosse uma música, seria essa. Não cabia só em mim, não cabia só na casa, no ambiente, no espaço, eu precisava urgentemente, intensamente, mostrá-la para outras pessoas.

A delicadeza quase melancólica de um cello com um piano ao fundo. Meu Deus, eu estava transbordando em emoção. Era como se a vida um dia despertasse sonoramente, amanhecesse outonalmente, fosse a combinação de cordas tocadas por mãos feitas para tocar, mãos delicadas como um piscar dos olhos em câmera lenta, como uma brisa que balança a flor liberando seu perfume, era como o calor do sangue, imperceptível e constante, presente no pulsar. 

Eu não queria parar de ouvir. Eu queria ser o arco que fazia aquela melodia derramar-se demoradamente como uma cachoeira de areia branca e solta. Ah, como eu queria ser assim aquelas notas que arrepiam, que parecem saudade de um sonho, que, de tão leves, eram asas de borboletas, e de tão intensas, eram um abraço, o último abraço, o abraço de despedida, o abraço do retorno esperado, os braços do abraço. Eu precisava, mais que contar, eu precisava fazer verter a lágrima que me escorria nos olhos de quem me ouvisse, fazendo-o sentir o que era lindo demais para explicar.

Toda alma deve ter uma música, um fundo musical. Eu quero poder ser para alguém um duo de piano com violoncelo, belo, belo, belo, e mais nada. Então, eu faria saber a quem ouvisse que Deus existe. Porque ao ouvir essa música me reconheci, me senti um ser amado por Deus. Amadíssimo. Íssimo, íssimo, íssimo.

(para ouvir essa música:)

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