segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Com você, o mundo cabe no meu caminho



Com você o mundo fica pequeno e cabe no meu caminho. Tanta palavra linda, tanta frase de efeito, e só tenho no peito o nome seu tatuado com tinta invisível, desde que nasci, desde sempre. Junto com tantos outros nomes, é verdade. Tantos nomes de quem nem sei, procuro sem procurar, acho sem perceber.

Não é verdade que amo você. É verdade que tudo fica melhor com você. E porque tudo fica lindo, e tudo fica alegre, veja, sei que é amor. Amor como a flor que nasce na árvore antes da fruta. Amor como o leite que surge com o filho. Amor como tantos outros que são de graça e pela graça. 

Mas não é seu. É meu. É um sentimento que nasce no peito e não se contém em ficar ali. Desce palpitando pelas veias correndo o corpo todo e aquecendo feito lenha queimando. Percorre a pele num arrepio descontrolado como os trovões em dias de chuva muita e muita eletricidade. Em nuvens de relâmpagos e luzes e ventos em que meu peito explode e quase não cabe por dentro. Amor, sim, raios batucando pelo céu da boca. Amor de saliva doce. De pão crescendo e perfumando tudo, até dar fome.

Sim, o mundo fica pequeno porque você preenche todos os espaços vazios e me faz subir, flutuar, bolhas de champagne estalando na taça. Bolhas de sabão fazendo arco-íris no ar. Leve como a folha que cai. E leve como a borboleta que voa. Leve e úmido como a brisa fresca de depois da chuva. De depois.

A alegria é um reino escondido para ser descoberto. Que aparece com uma palavra mágica, com a magia de olhos que se hipnotizam, capturam, resgatam. Os olhos que descobri um dia na floresta do meu desejo. Em dia alto, com sol a prumo, com todas as vidas acordadas e reluzentes, porque o amor dos deuses é do olimpo: aberto como o girassol, amplo como o nascer do dia, e infinito como o horizonte. Todo ele um olhar. Brilho de sorriso. Perfume silvestre que só abelha sente. 

Sem segredos, sem mistérios, sem vestígios. É assim que encontro o amor no nome que é seu. O amor que vai além de todos os outros que já vivi porque simplesmente não é amor. Não é uma qualidade, um sentimento, uma emoção. É apenas um estrondo de neurônios se reconhecendo. Apenas um percorrer descalço pela areia da praia aonde o mar ainda chega a lamber. 

O encontro inesperado do colibri com o que a flor não mostra. Eis o meu encontro com você nos dias que se sucedem, um ao outro sem dor, desatentos e coloridos. A voz rouca de gargalhar a noite inteira. E o cansaço bom e molhado de suor. Despreocupado como um regato. O meu amor tem um tempo para você no meu caminho. É só você querer seguir comigo um pouco pela estrada que virá. É só você querer deixar a chuva cair, o vento passar, a lua nascer; querer subir a montanha, descer com os pés descalços pelo mato que há em volta. É só você querer.

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