quarta-feira, 18 de maio de 2011

Se é verdade

Se é verdade que o que temos mais a aprender é aquilo que mais nos incomoda nas pessoas, então devo ser uma pessoa muito egoísta. Porque não tem nada que me incomode mais numa pessoa do que a insensibilidade. Eu até gostaria de ser menos sensível, de não me ressentir por tão pouco, às vezes, mas insensibilidade é demais. É insuportável. Ou quase.
A insensibilidade faz as pessoas andarem sem se preocupar em esbarrar com você. Faz elas se preocuparem consigo mesmas como se fosse a coisa mais importante do mundo. É. Mas não precisa destratar os demais importantes do mundo. Sim, porque quando se tem a devida consciência de que se é um ser divino, não dá para pensar que é o único, não é mesmo?
Quando penso nesses seres, penso como parece ser mais evoluído ser um animal doméstico, como um gato ou cãozinho. Porque esses animais dão-se tremendamente, é um amor quase intransitivo, quase de mãe, que não pede nada em troca – algumas mães, obviamente. Eu sei bem o que é isso. Tenho sete cães, dois gatos, uma égua, os macacos de toda a manhã não contam porque não trato deles diretamente. Só estão no quintal. E a raposinha que passou correndo outra noite e quando chegou do outro lado da estrada parou e me olhou, esse serzinho lindo, frágil e selvagem ao mesmo tempo, que consciência pode ter de si mesma?, não importa, é tão lindo que quando parou e me olhou, me emocionou.
Eu sei que tem aquelas pessoas que pensam que tudo que há no mundo está ali para servir-lhes. Que deve ser mimada, cuidada, sem nunca precisar retribuição. Esse é um problema da constância de papéis no teatro do dia-a-dia. O bom é de vez em quando ser o vilão, outras ainda ser a vítima. O herói é lindo, mas é muito previsível. Quem consegue ser o tempo todo um herói? Herói de si mesmo? Vencer o cansaço quando o que mais queria era deixar para lá? Vencer a falta de humor quando o que mais queria era ficar quieto no seu canto? Vencer a vontade quase sobre-humana de ser melhor que os outros? (ai, acho que tenho tanto a aprender ainda...).
De vez em quando é bom usar a mão esquerda para fazer as coisas. É bom tomar vinho em copo de cachaça, como se fosse um bourbon. Sair do que você mesmo espera de si. Gritar quando o mais fácil era calar. Calar quando o melhor seria falar, convencer, manipular. Que bom que é o espelho do outro refletindo nossa face naquilo que mais temos a aprender. Porque por mais que a vida tente nos mostrar de forma direta e simples, fazemos por merecer essas respostas a perguntas que nunca faremos. Assusta tocar o telefone no meio da madrugada. Mas o pior é nunca poder atender a ligação.

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