sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Agora que sei seu nome

Agora que sei seu nome vou repeti-lo como um mantra pois ele traz alegria aos meus olhos e brilho ao meu sorriso. Vou repetir em pensamento para que a brisa - só a brisa e não o vento - possa espalhar baixinho e com ternura para todos ouvidos atentos que seu nome faz nascer um sol no peito.

Vou pronunciando seu nome lenta e exaustivamente até me perder de mim e não restar senão um som no ar em torno, como um respirar leve e solene, um som que se propaga feito semente, mas que é flor de lis, perfume e luz, uma onda de calor que invade o corpo e reconforta, apazigua.

Quase me afogo nessa vontade insuportável de gritar seu nome, de chorar e gargalhar o incontido riso de prazer que me acompanha todo o tempo desde que toquei o seu mistério, toquei o céu da boca com a língua e ouvi a música que cria a vida e sopra-lhe alma, um oboé doce e rítmico, mágico.

E a cada vez, a cada som, deixo-me invadir pelo aroma da canela, do sândalo, da mirra e do benjoim que queimo de encostar no corpo a brasa de um amor sem medo, um amor sem fim, que eu nunca soube que amava ou amaria.

Uma dança, ao som do seu nome, me coloca em transe leve, leve, leve, me dá asas abertas enérgicas para o vôo fluído, deslizando nuvens e algodão, um balé de passos nas pontas dos pés, meus olhos fechados me deixando ir, me libertando.

A liberdade é seu nome repetido em prece num tempo que não passa e em que nada falta, saciando minha fome de pão e vinho, minha sede de significados e sentidos. Liberdade, enfim, que não ousava acreditar existir, e é meu sangue correndo nas velas acesas. Nesse sussurrar vou caminhando protegendo a chama de se apagar por descuido meu, iluminando os cômodos da casa que vou adentrando. Assim, vou voltando para casa paulatinamente, só de saber seu nome.

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