sábado, 2 de junho de 2012

Quero ser sua amiga de verdade


Quero ser sua amiga de verdade, de dar a mão, beijo no rosto, abraço apertado, nada dessas coisas de curtir, compartilhar, comentar. Eu quero ser uma pessoa inteira para outra pessoa inteira. Pode me convidar para sair, para dançar, para jantar. Vou te chamar para a cachoeira, para a lua cheia, para andar de bicicleta, esquecer o dia que passou, sonhar com a noite que virá.

Quero ser uma amiga que pode falar sobre banalidades do dia, ouvir bobagens, responder coisas delicadas de se falar, enfim, estar presente. Tirar fotos? Mandar recados? Fazer downloads? Talvez em algum momento, mas não todos. Nos demais, sim, ao vivo e em cores, falar com a boca, com os olhos, com as mãos. Falar com todos os sentidos, para dar sentido até aquilo que não tem fala, não tem gesto nem jeito de se falar.

Quero ser aquela sua amiga que, não estando presente, sabe ouvir o que se passou. E que você tolera as críticas, mesmo quando não são boas. E que vai ser desajeitada na hora de dar notícia ruim, e ainda assim vai continuar na sua frente para aguentar sua bronca. 

Pode passar mal de uma bebida errada, pode não gostar da comida que comeu, pode falar de ex, reclamar da vida. Depois, é claro, vamos rir muito de tudo, de todos os excessos, de todos os vexames, sem vergonha de reconhecer os erros. Vamos falar do passado como passado, e falar rápido, sem dó, para não deixar o presente passar também. 

Quero ser a amiga das horas impróprias, do momento de impacto, do amanhecer bem cedo, quando ainda nem sei meu nome, e você me acordar para dizer que foi boa a noite. Pode explorar. Pode pedir coisas indecentes como trazer o pão ou pedir desculpas. Pode faltar num compromisso, pode perder a vez, pode pôr a culpa em mim.  Quero ser a amiga que faz a diferença. Que faz falta. Que não falta.

Porque de tudo que fica, de todas as lembranças boas de se lembrar, de todos dias da vida, de tudo que há para deixar, são os momentos conjuntos que vêm à tona. O que arrepia a pele, o que faz sorrir de recordar, que traz a criança de volta, que dá vontade de aprontar, de fazer gracinhas, tudo que vem de bom, vem de ser amigo, verdadeiramente amigo.

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