Outro dia uma pessoa me falou em bom senso. Fiquei pensando:
do que ela está falando? Que é “bom senso”, afinal? Vi uma moça postando uma
foto de si mesma em pose bem querendo ser sexy. Bem, se ela não se achar, quem
vai, não é? Mas. Era uma foto para mostrar para aquela outra do tal “bom senso”.
É uma medida muito difícil, essa. A autoestima versus o bom senso. E tem outra
coisa: a autocrítica que usa bisturi, ou ainda, a crítica que é cirúrgica, que
faz avaliações quase virginianas da realidade, quase sem espaço para o erro. Quase
sem deixar uma brecha para a dúvida, para a criatividade. Que limiar é esse?
E não dá para acertar com todo mundo. Para uns a foto é de
mau gosto, para outros já representa segurança pessoal. Porque tem que ser
muito seguro de si mesmo para se colocar em certas situações, fala verdade. E vai
ter sempre alguém para achar que a pessoa não se toca. E sobre si mesmo, o
equilíbrio entre autocrítica e autoindulgência, uma gangorra estancada,
enferrujada, parada sempre no mesmo lugar.
De resto, penso que o difícil mesmo é fazer escolhas, porque
sempre significa deixar alguma coisa de fora ou alguém de lado. Não dá para ter
tudo, escolher tudo, ou não seria escolha. Acho até que é uma palavra que
deveria ser escrita com x: excolha. Escolher e olhar para
frente, sem querer ver o que seria se tivesse feito outra opção. Escolher e
apostar, acreditar verdadeiramente naquele rumo.
Mas, então, será que realmente temos escolhas? Será realmente
que podemos optar nos nossos caminhos, no aqui e no agora? Quanto do que vivo
hoje é resultado de atitudes passadas, e quanto é assim porque eu iria viver de
uma forma ou de outra? Eu já achei que era uma ideia romântica acreditar que
minha vida estava escrita nas estrelas. Hoje acho romântico pensar que faço
escolhas.
Não, definitivamente não sei nada sobre escolhas. Mas menos
ainda sei sobre o ridículo, sobre timidez, sobre ficar em silêncio na hora de
opinar, ou sobre bom senso. Tanta coisa junta que parece até sopa de final de
noite: bastando que esteja quente, não importa o que tenha. Ainda assim, me
intriga que eu esteja fazendo um teatro para mim mesma e para deus. Que eu
esteja cumprindo um papel escrito anteriormente para ser divertido ou para
alguém aplaudir ou criticar. Quem está assistindo? Antes, tem alguém assistindo?
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