quarta-feira, 6 de julho de 2011

Algumas vezes as coisas não saem como planejado

Algumas vezes as coisas não saem como planejado. A batata não cozinha, o creme de leite talha, acaba a lenha antes de terminar o jantar, o ovo quebra errado, o gosto não era esse. Simplesmente o resultado não sai como esperado. Tinha tudo para dar certo e não deu. Outro dia isso aconteceu comigo. Preparei todos os ingredientes para comer batata assada com recheio de manteiga temperada com alho poró e catupiry e eis que acabo por comer purê. Decepcionante. Dá para tolerar não ter azeitonas pretas para pôr no molho de tomate idealizado. Mas não dá para aceitar um molho alla rabiatta sem pimenta.

É por isso que tem gente que nem declara suas intenções: para não se frustrar caso não as alcance. E depois, ter que aceitar os resultados, mesmo os inesperados, mesmo os adversos. Difícil. Como lidar com um não daqueles impossíveis? Um rompimento quando você ia dar a chave de casa? Todo dia seguinte é difícil porque significa começar de novo.

Mas é bom começar de novo. Não a mesma coisa novamente. Apenas uma novidade na vida. Nova vida. Você, o outro dos outros, num novo momento e com novas soluções. Uma nova estação, ainda que prenuncie o retorno do inverno. O risco é sempre o mesmo: errar. E se você for virginiano o suficiente para temer errar mais que qualquer coisa na vida, então cada recomeço é um tormento, repleto de difíceis escolhas. O caos é o início de uma nova ordem.

Houve um tempo em que acreditei que concluir uma coisa fosse sinal de morte, final. Então, queria somente começos, queria sempre o novo, um novo dia. A paixão que faz bater o peito em disparada e disparatada sintonia. Era o medo da estabilidade, medo da repetição, da mesmice. Hoje sinto falta de viver a harmonia das horas que passam. Viver a tranquilidade de concluir tudo que inicio. Apostas? Porque somente apostas me estimulavam. E, claro, acreditava apenas na vitória. As frustrações das derrotas eram tão secas que era difícil demais engolir. Precisei tomar remédios para digerir fracassos. Eu achava impossível ser expulsa do paraíso. Direito adquirido. A evolução como uma linha reta, sem volta. Tudo na mais completa ilusão.

Mas é assim, algumas vezes o arroz fica duro e papa, o vento muda e derruba a pipa, o sonho vira pesadelo, e depois de tudo, amanhece. Simplesmente amanhece. Nasce um novo sol, e tudo volta a aquecer. E tudo volta a ter vida. Tão simples, mas tão simples que chega a ser clichê, chega a ser óbvio como uma declaração de amor. Porque a lição não é nascer ou morrer, mas saber seguir de um a outro, todos os dias.

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