terça-feira, 15 de março de 2011

A Quadrilha de Drumond ainda está em cartaz

Por que é que a Quadrilha de Drumond ainda está em cartaz? Por que os encontros e desencontros das pessoas ainda são tão impactantes e atuais? Por que estar no ponto errado esperando o ônibus certo ou errado? Ou será que era o momento errado? Com tantas coisas para fazer da vida, por que tanto tempo gasto em se conectar em redes, em linhas, em emaranhados de sinais?

Qual o sentido da vida que procura outra para se relacionar? Espera outra como se fosse tudo para si? Espera lá fora como se pudesse preencher espaços internos instransponíveis. Espera como se o mundo fosse acabar amanhã e ainda há tempo de esperar hoje. Esperar é um gesto? É uma tentativa? Ou espera é uma forma clássica de ser vítima, “espera que o anzol já vem e te salva”.

É um vai e vem sem fim nesse mundo que gira sem parar. Passa o tempo e passa o trem e passa o vento e passa o tempo novamente como um filme que não termina. Quando termina? Termina quando morre? Mas se a morte é somente o começo. E lá depois da morte, será que ainda se fica preso nessa corrente de pessoas entrelaçadas por vínculos invisíveis, imaginários, sonhados. Haverá fim para essa multidão de mãos que se afastam e se procuram? Qual braço me aperta e qual me afasta? E se me aperta, me quer bem ou me quer mal?

Tenho tantas dúvidas quanto as voltas que o mundo dá. Tantas deu que reencontro pessoas que não vejo há tempos. E tantas voltas que fico tonta, cansada, olhando a ermo pela janela do meu escritório, esperando passar ainda a vertigem e os desenganos. Me engano? Me engano. A mim, eu mesma por mim. Explico o que quiser e dou sentido ao que quiser para que se encaixe perfeitamente na minha vida. E então tudo pode passar e voltar. Incansável como se fosse fora de mim. Como se não fosse eu o tempo todo a imaginar a história que conto.

Os fios invisíveis que amarram meus braços e pernas se embolaram de tal maneira que está difícil voltar ao palco. Fico disfarçando um pouco nos bastidores para entrar em cena, a milhonésima vez que enceno a mesma peça, como se repentinamente esquecesse a fala, a deixa dada, perdida a voz. Engasgo, bebo água, Chico Buarque me ajuda, me lembra a letra, mas não é a mesma coisa, é outra, minha vida é diferente, é real. Por que, meu deus?

Tão longe e tão perto de chegar ao fim. Podia ser pior, podia estar esperando o príncipe encantado, como tantas. Podia ser ainda pior, podia esperar na janela, guardada, bem guardada de todos os medos e perigos da vida. Dizendo para mim mesma que não tenho medo de nada. Magnânima. Superpoderosa. E esperando alguém para me completar. Esperando um encantamento. Um momento mágico de união no paraíso. Meu deus, (eu sei que não tem nada a ver com deus) por que as paixões humanas tão banais e óbvias ainda comovem e aprisionam?

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