domingo, 20 de março de 2011

Estou em busca de um encantamento

Estou em busca de um encantamento. E é o que tenho. Faço uma pergunta sincera, me questiono e eis que me vem uma resposta direta, indubitável, inquestionável. Olho para o céu e me pergunto para onde estou indo, o que estou fazendo, e o azul se abre em meio aos dias de chuva e o sol me sorri, complacivo. Sou um ser escolhido por deus, escolhido pelo Espírito, eu sei, eu sinto. Sinto no abraço que o vento me dá, no abraço que as pessoas me dão quando passo e apenas sorrio.

A vida muda vertiginosamente. Não é só o tempo que passa correndo. Tudo muda com a velocidade do pensamento. Então, repenso o que pensava para não ficar em desvantagem, escolhendo caminhos tristes e melancólicos ao invés de caminhos de cachoeira e flores perfumadas. Bem, as quaresmeiras não são perfumadas, mas não importa, são coloridas e enfeitam a mata, enfeitam meu olhar para elas.

Meu peito está calmo, cheio do ar da montanha, frio e generoso. A montanha acalenta, reconforta. Daqui a pouco as araucárias começam a explodir o seu dar-se-de-graça, pinhão caindo para todo o lado. As águas rolam entre pedras. Tudo em constante movimento, tudo se abrindo e inspirando. Capturo esse ar e me renovo também. Torno a viver na vida que renasce.

É um tempo que não pode esperar por insistência. É um tempo que clama por urgência, respondendo perguntas antes mesmo que sejam feitas. Estendendo a mão antes mesmo que precisemos. Estico a coluna como os gatos fazem e escuto o estalar, rangido de escada subindo, a madeira falando, as folhas das árvores balançando no vento forte farfalhante. Eu sei que, se estou em deus, eu sou deus também.

Fale por mim, fale em mim, fale através de mim. Deixe que o som, que só os ouvidos sedentos ouvem, deixe que o som seja eu. Deixe que eu possa refletir o silêncio calmante dos afetos bem-vindos. Deixe que eu seja a mão que afaga, a mão que apóia, a mão que agradece. Então, saberei que tenho feito a coisa certa. Saberei que tenho sido aquela que me destinei ser. Depois, solta no ar o som que desperta para que eu possa escutar seu eco. Então, sim, então saberei que voltei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário