Hoje sou um ser completo com deus. Entrego minha mente para
que possa me mostrar o que devo fazer, o caminho que devo tomar, a melhor forma
de cumprir minha missão. Meus princípios, meus objetivos. Minha vida.
Hoje, fechando os olhos que vêem só o que querem ver, olho
para minha vida interior, para a vida completa, uma. Vejo sem temer, a alegria
ocupando todos os lugares vazios. Hoje, me despindo de quem sou para as
pessoas, posso ser quem realmente sou em essência. Abro mão de ser alguém com
sentidos limitados, com significados restritos a uma experiência fugaz, para
ser e expressar uma verdade maior, plena.
Hoje, entrego minha vontade ao espírito que está além do
aqui e do agora, para que possa me manifestar fazendo coro com seu som
despojado e desprendido. Assim, tomada pela liberdade inesperada de ser
totalmente, alegremente, realizo o que está em mim realizar, enceno o meu papel
único, singular, protagonizando na vida a vida que há no universo.
Hoje, meu trabalho é uma mão estendida para aceitar. Minha
vida é um ouvido atento. E minhas pernas são as ações que vou fazendo à medida
que ouço e aceito. E ainda assim, longe de ser uma marionete em que ocultas
mãos traçam um teatro, incorporo esse ser divino que brinca com os dedos na
frente de uma luz, projetando a sombra numa parede branca. Eu sou o ser, a luz,
as mãos e a sombra, personagem de mim mesmo.
Hoje, reconhecendo a beleza que há nas pessoas, vivo
plenamente. Reconhecendo a alegria dos gestos, alegro-me livremente. Uma
liberdade que me faz amar involuntariamente, que me traz paz e confiança.
Hoje, abro as portas do coração para que entre o amor que se
projeta. Para que a vida antes apenas sonhada escorra como um rio, inundando o
caminho de todo aquele que se aventura
por trilhar o desapego, a romper com o horizonte do possível. Docemente,
faço-me instrumento de sua obra, a mim e a tudo que eu faça. Para que minha
vontade seja sua vontade, e que produza o bem por onde passe. Todo sonho, uma
realidade, e toda realidade um sonho.
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