terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Seria Melhor

Seria melhor, talvez, ser como o rio que passa correndo, sem nunca ficar. Amar como os marinheiros que partem. Ser como o vento que toca tudo e vai deixando seu rastro no movimento das árvores.
Hoje não chove e no meio do azul azul azul e nuvens, pássaros que não se agüentam de felicidade, em vôos alucinantes, fazem uma serenata matutina na minha janela.
A alegria do dia transborda por mim. E eu me deixo ser esse meio entre haver felicidade e sonhar com ela. Deixo que esse dia faça o encontro entre o que nunca sonhora nem nos meus sonhos mais delirantes com a realidade que sabe ser doce e meiga quando quer surpreender.
Logo ali, depois da montanha, tem um vale e depois ainda tem um mar que deve se abrir sem fim na união perfeita de azuis. Daqui ouço o ritmo espumante de suas águas claras batendo nas encostas e sinto a umidade da maresia na pele exposta.
Não sou uma árvore plantada fincando raízes eternas em lugar algum, nem sou o vento que passa frio. Minha vida não parou para te esperar, nem me esperar. Por isso esses encontros de rio de corredeira marcados nas cachoeiras um minuto antes da queda vertiginosa, esses encontros carregados de toda emoção do caminho me fazem quase gritar no meio da praça pública, mas ela não inaugurou ainda.
Enquanto tudo isso passa pela janela aberta, vou ficando, ficando a mão eternamente estendida à espera da tua. Quando enfim puder tocar seus dedos nos meus, vou entrelaçá-los como farei com seu corpo para que fique no meu e eu puder passar como o rio, partir como o vento, você em mim e eu o oceano.

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