Pode esperar amor eterno, mas não que dure para sempre. Porque tudo passa, só o amor fica. O amor não é um sentimento, é o próprio espírito. E o espírito é livre por natureza. O espírito é a liberdade. Não haverá amor onde os laços se sobreponham ao correr solto, onde os abraços prendam mais do que apertem. Sobretudo, não haverá liberdade sem leveza. Onde há pressão, prisão, opressão pode até haver desejo, mas amor nenhum.
Então, me espere para se deitar e não feche os olhos antes de um abraço terno e fresco. No silêncio da noite, seu silêncio se unirá ao meu, profundo e único. E antes ainda, no olhar que não se desvia, iremos tocar a alma para fazer um sorriso brilhar no escuro. Não haverá o que temer porque não haverá o que defender.
No escuro e quieto desse encontro, seu nome, novamente entoado como um cântico, falarei até a exaustão, até que nossos corpos quedem sôfregos, clamando por uma brisa, um frio na pele, um arrepio morno, uma canção.
Ah, não tente desviar o momento para ampliar o prazer e fazer com que o tempo não pare, porque ele vai parar, como a respiração que se segura antes do mergulho. O tempo vai deixar de existir para só haver uma comunhão. Vou me perder em você para descobrir os meus sentidos, vou me aquietar nos seus sonhos para acordar das minhas ilusões. Tudo muito intenso, tudo muito rápido, tudo de uma vez. E haverá um dia seguinte? Haverá um amanhecer? Enquanto for noite e houver silêncio, e enquanto soprar o vento de hálito leve e fresco, enquanto sua mão segurar na minha para não se perder na escuridão, ninguém sentirá falta de luz.
Que tudo passa, mas não passa já.
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