quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Um bom sócio


Um bom sócio, por princípio, deveria ser aquela pessoa que tem o que você não tem, ou seja, complementa você, caso contrário, não precisaria de um. E, claro, que você tenha aquilo que aquele não tem. Portanto, o que justifica uma sociedade é a complementaridade e a diferença. Essas são questões objetivas. Dada qualidade ou competência lhe falta e você encontra esses predicados em um sócio bem escolhido. Isso parece até bom. Mas as diferenças, pelo que sei, vêm em pacote e não individualmente. Assim sendo, serão muitas outras as diferenças que você encontrará no seu sócio, além daquelas que você procura. Infelizmente.

Se tudo der certo, e o que concorre para o sucesso é mais do que bom senso, ambos irão valorizar o que lhes falta e aceitar de bom grado a contribuição do outro. Pode ser que entre o primeiro passo e em definitivo aceitar o que o outro dá haja um longo caminho. Porque não é apenas uma lição do tipo trabalho em equipe. É mais um embate entre lideranças. Então há que negociar, há que ouvir, há que saber voltar atrás e insistir no momento certo. Mas quem vai dizer qual é esse momento certo? A coisa deveria seguir objetivamente, mas se tem um envolvimento real – uma paixão pelo que faz ou pelo negócio – já se turvou a visão, já apareceram outras línguas, já apareceu um culpado para os erros.

Lá pelas tantas, aquele que deveria estar contribuindo com você pela empresa, de repente, sem mais, está competindo. Está tentando convencê-lo de que você, por não saber o que ele sabe, deve estar errado no resto também, naquilo que ele não sabe. Pode chegar ao cúmulo de conspirar para que sua posição esteja errada, se for escolhida.  

E uma sociedade, como alguns casamentos modernos, começa com o filho antes do contrato em si. Um filho, aqui também, não prende ninguém, mas liga, relaciona. Um filho que tem que se renovar sempre, a cada plano estratégico. Mas que demanda sempre. E, não importa quantos percentuais você tenha na sociedade, você deve dar-se por inteiro, 100%. Enfim, muito parecido com um casamento.

Sociedades não são apenas contratos de risco ou planejamentos para uma etapa da vida, como os casamentos eles querem um objetivo: deve dar um bom retorno dentro de um tempo determinado. O problema é que quando isso começa a acontecer, a intimidade que se instalou quase faz perder as fronteiras entre os sócios, parceiros ou contratantes: um tropeção e você invadiu a vida do outro, ocupou a mesa que não é sua, ficou à vontade demais. Quem você é naturalmente se espalha pela casa, pela sala ou mobília. 

A vida é assim repleta dessas nuances. Talvez por esse motivo se diz tanto que não se vive sem política: tudo é uma eterna negociação. Dá para ser automático, como uma gangorra, quando um sobe o outro desce, automaticamente. Dá para ter uma fórmula mágica, é só seguir uns modelos, repetir. Mas o melhor é apenas saber dançar e se deixar levar pelo ritmo da música. Algumas vezes levando, outras sendo levada. Aí sim, se não for sempre bom será na maior parte do tempo.

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