sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Por que te amo?

Por que te amo? E o amor, o que é? Por que a beleza? E por que você tão bela no seu sorriso amoroso? Por que a entrega? E por que acreditar em amor? Por que amar? E o que é amar? Deixe-me aqui no perdido da hora, lembrando de quando havia um vazio, havia um silêncio onde agora há essa música sem fim. Deixe-me aqui elucubrando na noite que se vai apenas por não saber respostas.

Enquanto o tempo deixa de existir, porque o amor é parecido com um relógio quebrado, não passa o tempo, enquanto a espera não é um peso, e o que espero é você, enquanto isso, vou amando a lembrança doce da sua pele apenas passando pela minha. E vou vivendo tudo como se fosse outra vez, e outra e outra. Como são os nossos dias e noites, cheios de vida.

O que, amor, é o amor? Cheio de calafrios e de arrepios desordenados, que atravessam os músculos como um raio. Que é, que é, amor? Essas coisas que percorrem o corpo, percorrem a memória, percorrem a alma até fundir tudo num só, eu, estátua que um artista esculpiu de haver você, a inspiração para tudo o mais. A vida que a arte não imita, ela mesma a arte de viver.

O que é isso que faz o sangue mais quente, e o olhar mais quente, e a música mais quente? Que provoca uma dança onde antes eram só pernas, que promove um balé onde antes eram só braços e corpos desconsertados e sozinhos. Vãos. Impuros como o beijo. Inócuos como olhos fechados. O que? Explique-me, você que me impacta só de existir, que me chama pelo nome mesmo antes de saber qual é.

Talvez haja um novo nome, um novo significado para o que já foi amor. Porque o que sei hoje, depois de ter amado tanto e me perdido em tanto amar, o que sei que preenche os espaços, os silêncios e os espaços entre os corpos distanciados, o que sei infinitamente que me faz pulsar e querer e sentir cada célula do corpo no movimento da sua cintura, isso é mais que amor. Porque amo amar você.

E no gesto improvável que é amar o amor, amo você tão simplesmente como há chuva depois do sol, ou há mar depois da montanha. Há a noite depois do beijo, e há gatos arranhando as portas, e há gosto depois de morrer nos braços, nos seus braços. Não, amor não é o nome. É outra coisa. É um gesto? É física, química, matemática, línguas? Que sonho, invenção de peça pregada fora do palco, um teatro de sombra e luz, qual o nome?

Não. Haverá um deus a inventar o nome para isso que sinto por você, já que inventou o sentir? Haverá uma palavra apenas para significar o modo como o seu olhar olha o meu, a quase prender-me o ar, levar-me a alma, queda livre sem paraquedas? Haverá uma única palavra que poderá dizer tudo o que tenho para dizer, que representa tudo que já foi dito antes e tudo que haverá por falar e cantar e sonhar e que é a única expressão em letra e som do que me faz na pele o simples lembrar você?

Então, que esse deus também invente um jeito para que isso que sinto se renove, se prolongue, se transmute a cada novo momento que passo e que passa, inteiro, poesia falada no vento, perdida e espalhada, que chega a todos os lados e todos os sentidos, poesia para ser proclamada como uma prece, sussurrada ao ouvido, tremor, amor.

Porque sinto e sei seu nome, veja, não vou ficar tentando entender ou explicar: vou apenas fazer de conta que é cedo e ainda temos a vida toda por seguir. Vou seguir sorrindo, amando – o nome indecifrável que não achei – o nome que é o seu! Vou caminhar ao lado, igual como não há iguais sobre a terra, simples como tudo que é diferente, vou caminhar apenas, olhando seus olhos que me olham. Sim. É amor.

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