Sol aberto em céu azul. A vida até parece mais viva hoje. Como nos impacta um dia como esse! Então tenho certeza de que nascemos para seguir a luz. A luz move, alegra, dispõe. Da luz se fez a vida e toda a vida que há lembra da luz que é sua única memória remota de origem.
Quero a luz que ilumina meus dias e me explica os seus significados. Não quero dar significado ao que vivo, mas quero entender o sentido de tudo. Quando dou meus significados para as coisas faço delas apenas uma continuação de meu saber, não cresço nada. Mas quando percebo, de mente aberta, o seu sentido, então sim, a luz me penetra e me abro em luz. O significado de tudo que está em mim também se apresenta. Um significado que se abre para todos.
Quando fecho a mente para entender o que a vida me dá, interpretando a partir de regras externas, de explicações que estão fora de mim, quando me contento com essas explicações e não tento aprofundar a experiência, não me ouço de verdade, apenas perpetuo a minha existência, não vivo realmente.
Por isso, olhando o céu azul e o sol que esquenta e ilumina, sei que queimo em mim todas as velhas explicações da vida. Já não me satisfazem. Já houve um tempo que queimei bruxas porque falavam o que eu não entendia, já joguei pedras em mulheres que saiam de casa, já cortei a cabeça de hereges porque professavam outra fé, cortei a cabeça de bárbaros porque eram bárbaros todos os que vinham de fora, já escravizei homens e mulheres e crianças para me servirem, já prostitui, usei alucinógenos para enganar, já usei a palavra divina para manipular, quem sabe o que mais não fiz nessa história humana.
Mas o mundo pode acabar o ano que vem, amanhã pode acabar, e passei o tempo todo querendo dar significado para tudo que fiz sem verdadeira consciência dos sentidos. Consciência quer dizer luz. Não pode haver significado atribuído de fora para dentro. A vida é a experiência dela e não o nome que dou depois para ela. A ilusão dos sentidos e da mente que se deixa aprisionar, confortável e seguramente em horizontes prováveis.
A vida se alimenta da vida e apenas a luz não se consome. Hoje, em pleno dia, desperta e consciente, estou me abrindo para me unir à luz, para me unir a tudo que é luz. Para recuperar minha maestria e me iluminar como os iluminados, os budas. E como mestre de minha vida, posso chamá-la A VIDA, e não mais apenas minha.
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